domingo, 9 de setembro de 2007

COM TEXTO - Chuva

É Domingo e chove brandamente.

Pela manhã caíram bátegas violentas, e com que prazer as ouvi matraquear nas vidraças nuas da janela.

Hoje foi o som liquefeito da chuva que me despertou de mansinho, em vez dos raios de sol infiltrados que aparecem cedo na manhã.

“Está a chover”, disse baixinho, ainda envolvida no sono. E deixei-me ficar num calor que sabia contrário à chuva matinal; talvez daí o enorme gozo de se estar deitado a ouvir a chuva cair - lá fora.

Já é de tarde e continua a chover, brandamente, a intervalos irregulares.

Da secretária, olho pela janela e vejo a Cidade envolta em véus de neblina; o céu parece próximo de tão baixo que está o tecto de nuvens agregadas num enorme endredon branco e fofo. Num quintal em frente, um estendal de roupa, inadvertidamente estendida, adeja levemente com o vento que a chuva trouxe e quer acalmar.

É em dias como este que agradeço o aconchego reconfortante do meu pequeno quarto, de onde posso ver a Cidade e a chuva que lhe molha as ruas.


- E eis que ela bate no vidro, trazendo a saudade.


Foto de João Pedro Borba


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