sábado, 8 de dezembro de 2007

COM TEXTO - O menino que já não acredita no Pai Natal

Existem lugares que nos agradam particularmente, nos quais nos sentimos bem e confortáveis. Encontrei um assim, aqui no Porto, estrategicamente localizado, à beira da faculdade.

Nesta pequena Confeitaria é-se bem recebido, a comida é saborosa, da sopa de couve branca aos rissóis de espinafres, passando pelos queques de noz e bolachas húngaras. E há sempre um frenesim de pedidos e serviços. As mesas são pequeninas e, por isso, convidativas não só ao lanche, como também ao estudo individual. É uma bênção, um espaço assim, no qual tanto se pode encontrar conhecidos para almoçar, como isolarmo-nos do exterior.

A proximidade das mesas pode proporcionar situações como esta que intitulei de “O menino que já não acredita no Pai Natal”.

O panorama era o do costume – casa cheia. Do burburinho destacava-se um conjunto de vozes barulhentas, que, por acaso, vinham da mesa ao lado. A minha atenção foi incontornavelmente despertada pela resposta audível do miúdo a um telefonema para o seu telemóvel.

O contexto era o de alguém que lhe ligava a propósito das prendas de Natal, ao que o rapaz respondeu com convicção que queria um ringue e uns bonecos de wrestling. Até aqui, normal - toda a criança tem desejos e faz pedidos, numa primeira instância ao atencioso Pai Natal e depois aos pais, não menos atenciosos.

Nem sei com que idade se costuma deixar cair o mito, ou com que idade me apercebi da metáfora. Acho que aos poucos, essa fantasia passou a ser sustentada para meu irmão, não para mim. (Não vou defender aqui a minha teoria de que as crianças devem saber, desde logo, da real proveniência dos presentes, mesmo que aos adultos pareça uma crueldade não permitir a ilusão, tanto que assim podem surgir alguns dissabores vindos do colégio, quando a criança esclarecida afirma perante outras que o Pai Natal não existe.)

A questão está em que qualquer fantasia já fazia parte de um passado distante para aquele miúdo pouco crescido. Não foi a enumeração das prendas esperadas, mas sim o modo como foi tratado o assunto – como um dado adquirido, quase uma exigência que se crê certa de ver satisfeita – que me chocou. E sabia os preços de cabeça: 90€ para o ringue e outros 100€ para os bonecos novos (os do Natal passado já não eram suficientemente bons, estes sim, porque articulados!) Soou-me vagamente exorbitante, mas será, porventura, relativo.

Quando voltou ao éclair de chocolate, desinteressei-me. Mas o quadro permaneceu vivo o tempo de terminar a refeição e me embrenhar no que tinha levado para ler o resto do tempo.

Este acaba por ser o exemplo específico de uma realidade geral. Formamos pequenos consumidores, aos quais o termo “Consoada” dirá menos do que “prendas”. Não que ache mau trocar presentes; é tão bom dar como receber. Deverá ser já raro o caso daqueles que festejam o Natal de uma forma puramente espiritual, tanto que o Natal me parece cada vez menos ligado à original dimensão religiosa. As vidas materializaram-se e damos (mais ou menos) valor ao que se pode colocar dentro de uma caixa.

Mas sejamos razoáveis e vejamos, por entre os montes de laços e papéis amarrotados, o outro lado da Festa, que para muitos será o mote para uma pontual reunião da família a uma mesa bem posta, para uma visita adiada a um amigo ou para a sintonia com um espírito especial.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

POÉTICA - Cavalo Alado


Com que asas voará o cavalo alado
Se lhas dizem impossiveis?


Versos - José Álvaro Afonso
Imagem - Daniel Chang

domingo, 18 de novembro de 2007

COM TEXTO - Epitáfio ao Piano de Belmonte

Todos os Pianos deviam morrer de velhos, de idade indefinida. Quando a madrepérola das teclas descasca, as cordas afrouxam e se enrolam em nós estranhos, a madeira estala e abre frinchas... e só o Tempo os toca.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007



Eu hoje comprei um livro, pão e água.


quinta-feira, 8 de novembro de 2007

COM TEXTO - Praça do Sapateiro

É a melhor hora de luz. O final da tarde que ainda não é anoitecer. O ar é leve e fácil de respirar.
Não vou de autocarro.
Contorno uma Praça meio ajardinada.

"Vê por onde andas".

Sentado no seu pequeno banco, trabalha sob o olhar sobranceiro de outro alguém de fato escuro, mãos nos bolsos. O sapateiro velho, de boina azul celeste, pincela um sapato azul, talvez preto, escuro, todavia. O par aguarda com outros pares e ímpares alinhados na berma do canteiro meio verde.

"Não te metas por maus caminhos".

Aquele alguém de fato preto levou os moucassins a quem os cuidasse, lhes puxasse o brilho ao couro. A cada pincelada, um conselho:
"Os atalhos gastam mais sola".

Cobrará mais, o sapateiro, pela graxa ou pelos conselhos avisados?
Estaria o homem de fato preto mais necessitado de sapatos novos ou de algum tipo de orientação?

Com o quadro a germinar na cabeça, atravesso um vermelho que oportunamente se fez verde.
Ao chegar, o sol que ainda dura, acende reflexos mornos no cabelo despenteado.
Estou satisfeita e moderadamente feliz.
Ponho o ponto final ao mesmo tempo que junto as migalhas do pão que comprei no caminho.



(Este quotidiano estava esquecido no meio de papeis vários, porque ainda sou daquelas pessoas que gostam de escrever à mão)

terça-feira, 6 de novembro de 2007

"Às vezes, sai um bocado ao lado, mas a isso também se chama criatividade"

Expressão Gráfica

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

@ Porto - ' da Vinci


No Porto, estão sediadas exposições de grandes Mestres das Artes - Dali e Leonardo.

(A primeira encontra-se a alguns dias do encerramento, após um declarado "êxito de bilheteira".)

Construções em madeira, concebidas à imagens dos desenhos deixados por ' da Vinci, estão expostas no Palácio de Cristal até Janeiro. Um espaço bem organizado, amplo mas composto, permite ao visitante observar e aperceber-se do génio do mentor da "Cidade Ideal" e das máquinas (desde a bicicleta às de guerra, passando por gruas, pontes e passarolas).
Como verdadeiro Homem do Renascimento, Leonardo dedica-se a outras áreas do conhecimento. Os seus estudos anatónicos, acompanhados de admiráveis desenhos e ilustrações do mesmo, fazem também parte do espólio da exposição, bem como dez das suas obras de pintura.

De enaltecer uma iniciativa que trás ao público um pouco do que terá sido o homem e o artista.


Depois da visita, aconselha-se vivamente um passeio pelos belíssimos jardins!

domingo, 28 de outubro de 2007

COM TEXTO - É hora

Na mudança do fuso, no salto do relógio – uma hora condensada num segundo de tempo imperceptível. É esta a hora – a hora dos amantes perdidos.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

COM TEXTO - Sinal da Cruz

É sem snobismo ou coqueteria que digo que viajar nos transportes públicos é novidade para mim. Só agora, aqui no Porto, se tornaram necessários às minhas deslocações diárias.

Andar de metro ou autocarro, tal como andar a pé, pode ser encarado como um exercício de observação.

Eu gosto de me exercitar assim, dar azo a uma imaginação volúvel, inconsequente porque inocente. Mantenho-me atenta e ocupada. É uma forma de passar o tempo no “pára-arranca” do tráfego citadino.

De regresso a casa, depois de passar a tarde em compras, entrei no autocarro, sentei-me e abri os olhos à realidade quotidiana que se desenrola paralela à minha.

A Igreja da Lapa é um edifício imponente; ao passar, é quase impossível não desviar o rosto para lhe ver a face de pedra. Hoje, mais do que a fachada, observei um gesto - um sinal da cruz - naturalmente traçado ao peito da senhora sentada no banco oposto ao meu. Isto desvendou-me algo sobre aquele alguém, anónimo, pelo qual não nutro mais qualquer interesse, mas que naquele momento se me revelou, muito brevemente.

É este o exercício – observar subtilmente, sem curiosidade prolongada, sem promiscuidade, mas com perspicácia e, sobretudo, sensibilidade; é mostrar ser-se um passageiro vulgar, ainda que dotado de percepção.

Colecciono estas pequenas pérolas do quotidiano. O resultado é um sorriso e uma pequena história para contar ao jantar.

A minha colega é quem agora beneficia dos meus relatos originais. Ela diz que não lhe acontecem destas coisas, só a mim. Ora, parece-me que é tudo uma questão de disposição para observar (sem qualquer gozo maldoso ou riso mesquinho); é deslocar a atenção de onde habitualmente a centramos (em nós próprios) e focá-la algures, em redor, na paisagem rica, quer seja natural, construída ou humana.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

@ PORTO - Dali

Somando quilómetros, por ruas e avenidas, alcançámos o objectivo: o Palácio do Freixo, anfitrião de uma boa exposição de obras de Salvador Dali.


Não estão expostas obras como a tão famosa "Persistência da Memória". Mas para quê exigir esta ou aquela obra mais conhecida e divulgada? O interesse de uma exposição pode estar em descobrir outros trabalhos de determinado artista. Estes últimos não são menos Dali, menos curiosos ou dignos de admiração. Sairam-lhe do génio - idealizados pela mente, concebidos pelas mãos de Salvador, aquele que se arregala nas fotografias, excêntrico de bigode fino e preto.

O visitante dotado de sensibilidade não permanece indiferente quando face às esculturas fundidas em bronze, grandes em tamanho e presença, ou quando desfila perante séries de trabalhos dos mais variados estilos, encaixados em molduras feias de "meia coroa", (quando se querem inócuas).

Ter estado mais só, no espaço, com os quadros, afastada de pessoas levianas, atrevidas e insolentes, longe da desconsideração daqueles que dão pancadinhas nas peças para lhes provar a textura, teria sido muito do meu agrado, permitindo-me saborear mais intensamente a delícia dos pormenores, expandir o sorriso de puro gozo ao identificar "Dali" na assinatura.

Foi-me dito que a Dali teria agradado a insolência. Eu digo que não. Isto porque não podemos confundir a insolência barata e medíocre com a irreverência dos iluminados, génios criativos de arte, agitadores, revolucionários da Cultura.

Era já noite quando saímos do Palácio; com o espírito revigorado pela Arte, voltámos a casa. Eu: simplesmente feliz.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

@ PORTO: Caloira na ESAP

A partir de hoje posso dizer com convicção que estou na ESAP.
Cheguei tarde, mas cheguei e logo no dia do Baptismo dos Caloiros - umas colheradas de água fria de uma fonte pela cabeça.
Não deixa de ser interessante o procedimento dos Drs, de capas traçadas, apadrinhando os Caloiros deste ano.

Aos meus Padrinhos! - aos presentes e aos ausentes.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

DIAS - De vulcões e terramotos


A lembrança de vulcões e terramotos faz parte da herança de qualquer açoreano.
Mesmo os não nascidos à data, ou demasiado novos para se recordarem dos acontecimentos, trazem consigo, como seus, os relatos vividos daqueles que viram a Natureza das Ilhas no seu estado mais selvagem, indomável.

Camuflada por de trás de uma beleza sossegada, esconde-se uma natureza irrascivel, a violência dos terramotos, o ímpeto das erupções.
Afiançados na quietude da terra, construimos as nossas casas paredes-meias com vulcões adormecidos (extintos?). São eles os Senhores da terra que nós tomamos como nossa. Acontece que nos esquecemos deles; e com eles do medo.

Hoje completam-se cinquenta anos da grande erupção dos Capelinhos, na ilha do Faial.
A minha avó conta que daqui, da Terceira, se avistavam clarões para aqueles lados do mar, tão magníficos como tenebrosos.



A terra treme, mostra entranhas de lava e cinza ardentes.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

COM TEXTO - Um café frio

Hoje é Setembro, não apenas por o ditar o Calendário.

Chove desde manhã, e se pára, a humidade torna-se uma presença quase palpável.

Acordei um pouco tarde, ao contrário do meu irmão, excitadíssimo com o seu primeiro dia de escola, no 8º ano. Eram 8.30 e ainda hesitava em afastar os lençóis, isto para ter aula de condução dali a trinta minutos... O pequeno-almoço ficou esquecido.

Afinal, quem se atrasou, não fui eu. Esperei pelo carro da instrução no parque fronteiriço à Secundária. Fiquei parada a observar de longe a agitação normal de um “primeiro dia de aulas”. Atingiu-me a plena consciência de que, oficialmente, já não tenho um lugar ali – cumpri o 12º (com êxito) e já estou matriculada no ensino superior. Mas ainda assim… aquela é a minha (Padre) Jerónimo! Sim, eu sei, estou a ter um ataque agudo de saudosismo. Lamento, não o posso evitar, nem me desculpo por me sentir assim. A anunciada "nova fase" virá a seu tempo.

De momento, brindo um sorriso aos bons anos que lá passei, à minha querida turma do Secundário, aos meus professores que se lembram sempre de mim!

Os meus pais são docentes há cerca de 20 anos; cresci ligada àquele Liceu: dos funcionários mais velhos, qual aquele que não me trouxe ao colo, ou o professor do Quadro que não sabe o meu nome. Daí que não saia de lá com a ficha ENES e simplesmente feliz por arrumar as pastas.

Sei de quem me poderá falar das deficiências de organização, da descoordenação, do número excessivo de alunos por turma, da falta de salas de aula, dos experimentalismos contraproducentes e anti-pedagógicos. Eu sei disso e sou obrigada a concordar. O ser sentimental não me torna cega às evidências.

De permeio, posso dizer que tirei algum prazer da condução, isto se não falar de um peão desmiolado que se me atravessou na frente do carro, fazendo-me travar a fundo sobre a calçada encharcada, para não lhe passar por cima.

Chego a casa, maldizendo esta humidade terrível. Subo ao quarto para ligar o computador, volto a descer para preparar o pequeno-almoço adiado, e torno a subir para me sentar à secretária, já com o msn ligado. Beberico uma chávena de café, esperando por uma companhia agradável e amiga que me desenevoe os pensamentos.

Comecei a escrever, depois de uns bons momentos de conversa, apenas perturbada por um ensurdecedor martelo pneumático na casa do lado.

Agora, a net não quer nada comigo, amuou, e o café arrefeceu completamente – o pouco que ficou na chávena está frio. E a chuva fustiga a janela ao meu lado. Para lá dela, não se vê se não em matizes de cinzento.

“Não, avó, não quero almoçar ainda. Acabei de comer, obrigada.”

Volto a tentar acordar a minha net, sem sucesso.

Revejo o texto e volto a tentar – ligou! Devagar, devagarinho… a página abriu.

domingo, 9 de setembro de 2007

COM TEXTO - Chuva

É Domingo e chove brandamente.

Pela manhã caíram bátegas violentas, e com que prazer as ouvi matraquear nas vidraças nuas da janela.

Hoje foi o som liquefeito da chuva que me despertou de mansinho, em vez dos raios de sol infiltrados que aparecem cedo na manhã.

“Está a chover”, disse baixinho, ainda envolvida no sono. E deixei-me ficar num calor que sabia contrário à chuva matinal; talvez daí o enorme gozo de se estar deitado a ouvir a chuva cair - lá fora.

Já é de tarde e continua a chover, brandamente, a intervalos irregulares.

Da secretária, olho pela janela e vejo a Cidade envolta em véus de neblina; o céu parece próximo de tão baixo que está o tecto de nuvens agregadas num enorme endredon branco e fofo. Num quintal em frente, um estendal de roupa, inadvertidamente estendida, adeja levemente com o vento que a chuva trouxe e quer acalmar.

É em dias como este que agradeço o aconchego reconfortante do meu pequeno quarto, de onde posso ver a Cidade e a chuva que lhe molha as ruas.


- E eis que ela bate no vidro, trazendo a saudade.


Foto de João Pedro Borba


quinta-feira, 30 de agosto de 2007

PIXEIS - Biscoitos II


Tu és a Pedra
E o Mar sou eu.

domingo, 26 de agosto de 2007

COM TEXTO - Ver as Vistas... por um fio

Em férias, quantas vezes as pessoas saem de casa, pegam no carro e vão, despreocupadamente, "dar uma volta" por aí? Muitas. E, não raras vezes descobrem lugares novos e deparam-se com situações inusitadas pelo caminho.

Pois, foi exactamente isso que nos aconteceu. Saímos dos Biscoitos ao entardecer, e o tapete alcatroado acabou por nos levar pela estrada das Doze (Ribeiras). Parámos num miradouro de construção recente.

A vista prometia ser boa, dado que seria possível avistar as ilhas da Graciosa, S. Jorge e, se o tempo o permitisse, o Pico, lá por detrás. É uma panorâmica que a um ilhéu agrada sempre. É um saber não se estar só, uma certeza de encontrar outros como nós mais além, no azul; aquele azul que nos rodeia e nos fixa o olhar, que pede para ser inspirado de um sorvo.

Imaginem a reacção de alguém que desemboca em semelhante sitio, levado pela expectativa, e, num primeiríssimo plano, se vê confrontado com um grande poste de madeira, com fios pretos e grossos passados em toda a largura do miradouro! Não há forma de lhes fugir; estão lá, mesmo ao nível dos olhos de quem lá se encontre.


Há aqui qualquer coisa que não bate certo, não há? Um grande equivoco por parte de quem construiu a estrutura, com um intuito turístico evidente. Qual é o turista que se preze que queira desfrutar da vista ou levá-la para casa em fotografia que aceite vê-la “por um fio”? É que nem com Photoshop lá vai!

Pela minha parte, gosto muito de ser turista mesmo na minha própria terra e, como tal, não posso deixar de notar a asneira que ali está feita! Certamente que a companhia da luz ou dos telefones ou outra, não plantou o dito poste depois do miradouro ter sido edificado. Francamente, acredito mais num descuido (flagrante!) do responsável pela obra, que não deixaria de ser de interesse cívico, não fosse o antes dito.

Agora digam-me: qual o valor de um miradouro turístico em semelhantes condições? Dá uma certa vontade de rir, para logo depois parar para pensar no dinheiro (por pouco que seja) que ali está investido, sem que seja possível tirar o devido partido da materialização do mesmo. Nem tão pouco se vêem esforços para remediar a situação – baixar o poste parece-me o mais evidente, uma vez que o terreno o deverá permitir, ou então, em última hipótese por os fios a contornar a estrutura, de modo a saírem-lhe da frente. De qualquer das formas, um pouco mais de cuidado, Senhores!

Acaba por ser triste, tanta falta de pragmática e sensibilidade. É um “fazer-por-fazer” que não favorece ninguém, nem os munícipes, nem os turistas, nem os Senhores que se deviam envergonhar das calinadas que dão.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

DIAS - Aniversário

A soma vai em 18...

Um beijinho para todos aqueles que se lembraram da data ;)

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

POÉTICA - Porto Sentido


Quem vem e atravessa o rio

Junto à serra do pilar
Vê um velho casario
Que se estende até ao mar

Quem te vê ao vir da ponte
És cascata sanjoanina
Erigida sobre um monte
No meio da neblina

Por ruelas e calçadas
Da ribeira até à foz
Por pedras sujas e gastas
E lampiões tristes e sós

Esse teu ar grave e sério
Num rosto de cantaria
Que nos oculta o mistério
Dessa luz bela e sombria

Ver-te assim abandonado
Nesse timbre pardacento
Nesse teu jeito fechado
De quem moi um sentimento

E é sempre a primeira vez
Em cada regresso a casa
Rever-te nessa altivez
De milhafre ferido na asa

Rui Veloso/Carlos Tê

Foto: Mariana Almeida

domingo, 5 de agosto de 2007

BIBLIOGRAFIAS - A Tábua de Flandres

Por: Arturo Pérez-Reverte



A condenação de um assassínio numa partida de xadrez com cinco séculos.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

PIXEIS - Biscoitos


Biscoitos - longa exposição.

Mariana Almeida

segunda-feira, 23 de julho de 2007

COM TEXTO - Impressões e Preconceitos

Orgulho e Preconceito é seguramente a obra mais lida de toda a bibliografia de Jane Austen, a célebre escritora britânica, autora de Sensibilidade e Bom Senso, Emma, Persuasão, entre outros.

Através da imprensa, o público tomou conhecimento de uma experiência levada a cabo pelo inglês David Lassman, que consistiu no envio do manuscrito do clássico de Austen às principais editoras britânicas, assinado por uma autora fictícia e sob o título original da obra – Primeiras Impressões.

Em resposta, recebeu um total de dezoito cartas confrangedoramente unânimes no veredicto: a obra em questão não seria publicada por se revelar de “pouco interesse”. Apenas uma das editoras chegou ao mísero ponto de constatar “algumas semelhanças” com a obra assinada por Jane Austen, aconselhando um contraste entre ambas.

A dita experiência tinha o propósito de denunciar o débil impacto que as “boas histórias” têm no mundo literário, sobre o qual a indústria cinematográfica parece prevalecer cada vez mais. Creio que desta situação se podem ainda retirar mais algumas inquietantes conclusões, nomeadamente no que respeita ao desempenho das editoras na apreciação das obras que lhes são propostas.

Em primeiro lugar, leva-nos a pensar que as histórias são recusadas de ânimo leve, sem serem lidas a fundo e portanto é provável que muitos projectos de qualidade de autores anónimos estejam condenados ao fundo da gaveta. Assim sendo, perdemos todos: o autor perde motivação, a editora perde potencial lucro e os leitores perdem boas horas de entretenimento.

A segunda hipótese parece indicar claramente que o responsável pelo escrutínio dos manuscritos não conhece Jane Austen, o que podia ser perfeitamente desculpável se não estivéssemos a falar de uma pessoa cujo trabalho e nacionalidade implica supostos conhecimentos literários. Parece razoável dizer que esta situação é tão absurda como uma pessoa com as mesmas incumbências em Portugal não fosse capaz de reconhecer Os Lusíadas ou Os Maias.

Indeed, a sétima arte ganha terreno sobre a letra impressa, portanto, não seria lógico pensar que os responsáveis por esta última se esforçassem um bocadinho mais? No Reino Unido talvez devessem ter cuidado com a formação académica daqueles que estudam os manuscritos. Por cá, não seria má ideia apostar em edições de bolso, como é o caso da recente iniciativa do Diário de Notícias, porque entre um livro e um par de sapatos a 20€, não restam dúvidas qual continua a ser a opção das massas.

Em colaboração com Carolina Almeida

domingo, 15 de julho de 2007

DIAS - Vive la France! Vive l'Europe!

La Liberté conduit le peuple


Delacroix

14 de Julho de 1789, mais do que a data de uma revolução (francesa), é um marco incontornável da História Europeia, ao qual remontam as origens de tantos outros acontecimentos simbólicos, cujas consequências nos atingem ainda, quanto mais não seja, o facto da Democracia se encontrar enraizada na Europa, mais do que em qualquer outro lugar do mundo.

Hoje, à data em 2007, pela primeira vez, para além de uma comemoração francesa, esta foi também uma comemoração efectivamente Europeia, já que os 27 países membros da C.E. foram convidados a assinalar em conjunto este dia. É um acontecimento inédito, tanto mais significativo dado o presente contexto de "pensar, construir, unir e reestruturar" a Europa a 27, uma tarefa na qual Portugal desempenha um papel de primeira importâncida, pois encontra-se na presidência da União.

A posição de destaque que Portugal ocupou no desfile pelos Campos Elísios é motivo de regozijo, tal como frisou o Primeiro-Ministro português, convidado de honra do seu homólogo francês para as celebrações.

Mais do que um porta-estandarte, desejo que Portugal seja o impulsionador de progressos efectivos neste audacioso projecto transnacional, e que este mandato na Presidência dê o mote para a afirmação definitiva de Portugal no panorâma europeu.



sábado, 7 de julho de 2007

PALCOS - Orquestra Metropolitana de Lisboa

Ontem, 6 de Julho, a Orquestra Metropolitana de Lisboa, conduzida pelo jovem maestro Pablo Heras Casado, apresentou-se no Teatro Angrense, dividindo o palco com a soprano Elisabete Matos.



Este foi um espectáculo inserido no programa do Festival MusicAtlântico 2007 - A voz no tempo, a decorrer nos Açores entre 28 de Junho e 9 de Julho.

De uma plateia repleta, assisti a um concerto de uma beleza estonteante, cuja harmonia, cadencia e fluidez envolveram a sala e a transportaram para mais alto.

Revigorante.

Aplaudi de pé.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

DIAS - Sobre rodas (brevemente)



"Os principais factores integrantes do sistema rodoviário são a via, o veículo e o homem"

Código de Estrada


Foto de João Pedro Borba

terça-feira, 26 de junho de 2007

PIXEIS- Transeuntes

Mariana Almeida


Quem me leva os meus fantasmas?

sexta-feira, 22 de junho de 2007

DIAS - Sanjoaninas 2007 - Angra: nas rotas do mundo

Hoje começam as Festas da Cidade recriadas sob o mote "Angra: nas Rotas do Mundo".
O tema é fértil, muito rico, pertinente, até. Há que lembrar estas gentes do valor da terra que habitam, da cidade que animam.

A cidade inscreve-se com soberba na História de um país que é Portugal. É motivo de orgulho viver numa cidade assim, mas é também nossa obrigação cuidar dela, não deixar decair o património que herdamos dos tempos áureos do Império.
É fantástico ostentar o logotipo de Cidade Património Mundial pela UNESCO. Porém, não nos esqueçamos que uma cidade exige cuidados, ou corre o risco de se tornar pardacenta e obsoleta! Infelizmente, acho que é o que começa a acontecer com Angra. O corte radical de árvores, as fachadas descascadas, as calçadas levantadas... são tudo coisas que cicatrizam o rosto de uma cidade.


Francamente, encontro-me dividida. Isto porquê? Por um lado, considero o tema excelente e bem formulado. O cartaz escolhido é lindíssimo (há quem discorde), muito ilustrativo da realidade que se pretende representar e transportar para as Festas. Por outro, vejo a cidade pouco cuidada, vejo pouco gosto e bom-senso no seu enaltecimento. A própria letra da marcha oficial é de uma pobreza confrangedora...

A ver vamos! Faltam algumas horas para o Desfile de Abertura, o evento inaugural das nossas festividades municipais profanas.

Desejo que as minhas expetactivas sejam superadas em larga medida!

Tenho amor a esta cidade, admiro-a quando me passeio pelas suas ruas. É uma cidade que se abre ao mar e o recebe com o seu casario.
Esta é a minha Angra, a cidade "universal escala do Mar Poente".




2 de Julho de 2007 - BALANÇO FINAL: Positivo

Para o ano, há mais... pelo menos para alguns...

sábado, 16 de junho de 2007

POÉTICA - Cansaço



O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo,ele mesmo,
Cansaço.


Álvaro de Campos

Época de Exames - Está tudo dito.

(desenho de Almada Negreiros)

quarta-feira, 13 de junho de 2007

DIAS - Aniversário de Pessoa-ele só

"Um novelo enrolado para o lado de dentro"



Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.




A 13 de Junho de 1888, às 3h20 da tarde, no quarto andar esquerdo do n.º 4 do Largo de São Carlos, em frente da ópera de Lisboa, nascia Fernando António Nogueira Pessoa.

domingo, 10 de junho de 2007

POÉTICA - Credo

Credo

Creio nos anjos que andam pelo mundo,
Creio na Deusa com olhos de diamantes,
Creio em amores lunares com piano ao fundo,
Creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes,
Creio num engenho que falta mais fecundo
De harmonizar as partes dissonantes,
Creio que tudo é eterno num segundo,
Creio num céu futuro que houve dantes,
Creio nos deuses de um astral mais puro,
Na flor humilde que se encosta ao muro,
Creio na carne que enfeitiça o além,
Creio no incrível, nas coisas assombrosas,
Na ocupação do mundo pelas rosas,
Creio que o Amor tem asas de ouro.
Ámen.

Natália Correia

DIAS - Portugal!

Portugal, Portugal

Tiveste gente de muita coragem
E acreditaste na tua mensagem
Foste ganhando terreno
E foste perdendo a memória

Já tinhas meio mundo na mão
Quiseste impor a tua religião
E acabaste por perder a liberdade
A caminho da glória

Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar

Tiveste muita carta para bater
Quem joga deve aprender a perder
Que a sorte nunca vem só
Quando bate à nossa porta

Esbanjaste muita vida nas apostas
E agora trazes o desgosto às costas
Não se pode estar direito
Quando se tem a espinha torta

Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar

Fizeste cegos de quem olhos tinha
Quiseste pôr toda a gente na linha
Trocaste a alma e o coração
Pela ponta das tuas lanças

Difamaste quem verdades dizia
Confundiste amor com pornografia
E depois perdeste o gosto
De brincar com as tuas crianças

Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar

Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar!


Jorge Palma

GRANDE ECRÃ - Déjà Vu

PIXEIS - Janelas

quinta-feira, 7 de junho de 2007

COM TEXTO - Vanguarda!

Este é o texto que escrevi, não sob a forma de relatório final, mas como uma reflexão pessoal, relativa ao desenvolvimento do trabalho realizado na discipkina de Área de Projecto.

Não é tanto devido ao trabalho realizado que o publico - é, sobretudo, para celebrar os bons momentos, as "aprendizagens estruturantes".

O Projecto foi o mote: criámo-o e fizémo-lo crescer. E nós crescemos com ele. É isso que venho aqui projectar: o nosso sucesso no trabalho, a nossa união como Grupo.

A nós, Vanguarda!


REFLEXÃO PESSOAL:


Eu, Mariana G. Almeida, integrei o grupo Vanguarda, formado no âmbito da disciplina de Área de Projecto, em parceria com os colegas Francisco Maio e Joana Esteves.

Partimos de uma ideia base de remodelação do espaço escolar. A partir daí, fomos delineando estratégias e estabelecendo objectivos, que passaram pela definição do espaço de intervenção, análise do mesmo, pelo levantamento de novo mobiliário ajustável e reciclável, pela recolha de opiniões dos alunos acerca da escola e da área visada pelo estudo, e, por fim, arrancámos para a construção dos nossos produtos finais: a maquete ilustrativa das nossas conclusões, assim como de um powerpoint de apoio à primeira.

No que a mim me respeita, a fase do trabalho que menos me seduziu foi a de elaboração e aplicação dos inquéritos, embora concorde que estes são um elemento importante do trabalho, na medida que conferem credibilidade ao projecto, pelo facto de veicularem as necessidades e os desejos dos alunos, trazendo-as até nós, permitindo-nos dar-lhes respostas afirmativas. Pelo contrário, a edificação da maquete deu-me o maior gozo, pelo seu carácter pragmático, pelo contacto e manipulação de materiais plásticos variados. Aqui conseguimos as maiores revelações do ponto de vista pessoal e colectivo. Entre gargalhadas, recortes, pincéis e muita cola branca, recriámo-nos como grupo. E aqui, nada dá mais prazer que ver o trabalho pronto, bem rematado, e com a marca de todos nós.

Um projecto desta extensão, não se desenvolve de um modo linear e contínuo. Há que percorrer um caminho feito de avanços e recuos (estratégicos), convertidos em novos avanços resolutos. As dificuldades prenderam-se com aspectos logísticos, de que é exemplo o caso da amostragem ou a própria aplicação dos inquéritos. Nada de insuperável para três boas cabeças. A prova é que o trabalho se desenvolveu e foi concluído com êxito, para júbilo dos intervenientes!

É de realçar o empenho demonstrado por qualquer elemento do grupo, ao longo de todo este ano. Cada qual contribuiu com o que tinha, procurando superar-se. É tão gratificante tê-lo conseguido! É-me especialmente grato dizer isso, sentir isto, dadas as condições iniciais do grupo aquando da sua formação.

Depois de ser dado o último retoque, é inevitável pensarmos, repensarmos, o que foi feito e se encontra bem na nossa frente. É unânime – agora sim, estaríamos aptos a encetar os trabalhos, a cultivar as ideias. A raiz seria cuidada de outra forma (estendendo a metáfora “agro-ideológica”. Mas formámo-nos! E é isso que daqui devemos retirar. O crescer dentro de um projecto, dentro de um grupo unido por ele.

Creio que a minha apreciação está bem latente no que acima escrevi. Só posso concluir que de todos os momentos de desânimo (porque os houve), de todos os contratempos e cansaços, é isto que me fica – o formidável vínculo de camaradagem que se criou. Celebramo-lo, hoje, 5 de Junho, dia em que apresentámos o trabalho, oficializámos o cumprimento dos objectivos perante colegas de turma e professores. Passámos pela prova: Fomos aprovados!

terça-feira, 5 de junho de 2007

POÉTICA - Cavalo à Solta




Minha laranja amarga e doce
meu poema
feito de gomos de saudade
minha pena
pesada e leve
secreta e pura
minha passagem para o breve breve
instante da loucura.

Minha ousadia
meu galope
minha rédea
meu potro doido
minha chama
minha réstia
de luz intensa
de voz aberta
minha denúncia do que pensa
do que sente a gente certa.

Em ti respiro
em ti eu provo
por ti consigo
esta força que de novo
em ti persigo
em ti percorro
cavalo à solta
pela margem do teu corpo.

Minha alegria
minha amargura
minha coragem de correr contra a ternura.

Por isso digo
canção castigo
amêndoa travo corpo alma amante amigo
por isso canto
por isso digo
alpendre casa cama arca do meu trigo.

Meu desafio
minha aventura
minha coragem de correr contra a ternura.

Ary dos Santos

domingo, 3 de junho de 2007

PALCOS - "La Serena"

Teresa Salgueiro e Lusitânia Ensemble

Sublime.

http://www.cm-ah.pt/noticias.aspx?N=225

PIXEIS - A Marca do Coração

domingo, 27 de maio de 2007

POÉTICA - Sou de Vidro



Sou de vidro

Meus amigos sou de vidro
Sou de vidro escurecido
Encubro a luz que me habita
Não por ser feia ou bonita
Mas por ter assim nascido
Sou de vidro escurecido
Mas por ter assim nascido
Não me atinjam não me toquem
Meus amigos sou de vidro

Sou de vidro escurecido
Tenho fumo por vestido
E um cinto de escuridão
Mas trago a transparência
Envolvida no que digo
Meus amigos sou de vidro
Por isso não me maltratem
Não me quebrem não me partam
Sou de vidro escurecido

Tenho fumo por vestido
Mas por assim ter nascido
Não por ser feia ou bonita
Envolvida no que digo
Encubro a luz que me habita

Lídia Jorge

quarta-feira, 2 de maio de 2007

DIAS - Dia Mundial do livro e direitos de autor

Esta é uma publicação conjunta: eu ofereço o espaço, o meu tio-poeta o conteúdo.

O Dia Mundial do Livro e Direitos de Autor marcou o calendário no dia 23 do mês transacto. Todavia, não é tarde nem vem a despropósito mencioná-lo.


"A Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Angra do Heroísmo promove
no próximo dia 23, pelas 18 horas, na Sala de Reservados, um encontro
de escritores com o público leitor, para assinalar o Dia Mundial do
Livro e dos Direitos de Autor.
A iniciativa, moderada por Marcolino Candeias, envolvendo as
participações dos escritores Eduardo Ferraz da Rosa, José Álvaro
Afonso, Carlos Bessa, Luísa Ribeiro, Paulo Freitas, Vasco Pereira da
Costa, Álamo Oliveira e João Afonso, pretende suscitar o diálogo e a
partilha de experiências entre leitores e criadores literários,
promovendo, também, o livro e a leitura.
Ao evento, aberto ao público em geral e com a participação de
diferentes gerações de escritores, associa-se a livraria "In Folio"
para uma sessão de autógrafos que terá lugar no átrio daquela
biblioteca.

O Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor, que ocorre na próxima
segunda-feira, foi instituído pela UNESCO em 15 de Novembro de 1995,
com o objectivo de homenagear a obra de grandes escritores como
Shakespeare e Cervantes, falecidos a 23 de Abril de 1616, estando a
data associada, igualmente, a uma tradição catalã que manda que nesse
dia cada cavalheiro ofereça à sua dama uma rosa vermelha de São Jorge,
recebendo um livro em troca. "

Jornal Diário de 22-04-2007



Sei que um poema faz um poeta

Sei que um poema faz um poeta. Duvido que duas colecções me autorizem a sê-lo.

Mas, ainda assim, é-me pedido que reflicta sobre o meu “percurso de escrita”.

Começo por declarar, absolvendo-me de qualquer arrogância, que não faço ideia do que seja isso. O Google remeteu-me para ensaios literários e programas do Ministério da Educação. Não, obrigado. Por aí, quero-me amador, não profissional, informado q. b.

Apenas posso dizer que me imagino sem escrever e me imagino sem ler, mas não sem pensar como se fosse poeta nem sem livros.

Digo, pois:

Nos tempos de faculdade, fui um consumidor refugiado, insaciável, compulsivo de televisão. Talvez por isso, já há uma mão cheia de anos, escolhi não tê-la em casa, sendo certo que muito ajudado por uma incurável avaria no aparelho então disponível…

O que aqui importa é que, um belo dia, numa qualquer sessão (mas certamente sem telemóveis nem pipocas), dei por mim a olhar a pantalha como se nunca tivesse visto o filme, não aquele filme, não um filme, mas Cinema!

Sem querer ignorar que idêntico percurso me teriam proporcionado as incontornáveis teorias, concluí que essa dieta dera-me outra cor aos olhos, apurara-me e renovara-me o olhar. Abrira-me portas insuspeitadas, que, isso sim, transbordaram do ecrã para a vida vivida.

Isto para dizer que, com o que escrevo, é essa renovada limpeza — liberdade — que ambiciono aprender e — pudesse eu — transmitir.

Acredito, assim, no fulgor da palavra que ilumina a vida inteira e ganha espessura no próprio acto de ser escrita.

É mensagem porque o poema é acontecer visual da língua em que se escreve, e também a sua música secreta, água fresca de um poço sem fundo, “irmão do silêncio”, ainda que recolhido no estrépito de um turbilhão.

Mensageiro, o poema é sempre imperfeito, ponto de Arquimedes, pedra-de-toque, ao qual há que aceder como a um oráculo.

Para o meu “percurso de escrita” …seja lá o que isso for… ambiciono — utopia — à palavra-ovo, à concisão maior de um dizer límpido, mas torrencial.

José Álvaro Afonso

15/04/2006




quarta-feira, 25 de abril de 2007

DIAS - Primeiro sinal para a Revolução de Abril

Hoje, 25 de Abril de 2007, volta-se a comemorar o aniversário da Revolução de Abril.
Porém, este dia marca apenas o início do processo conturbado da democratização do país, volvidos 48 longos anos de ditadura (militar e, posteriormente, política).

O programa de História A do 12º ano abarca este período da História portuguesa: desde a ditadura militar (1926-33), à instauração do Estado Novo e restabelicimento das instituições democráticas.

A minha geração, à partida, já não compreende inteiramente o significado deste dia em particular. É apenas mais um dia feriado. A minha visão deve-se exclusivamente ao estudo dos acontecimentos, relativamente recentes, ainda que fora do meu "alcance etário".

Assim, deixo aqui o registo do primeiro sinal para a Revolução de Abril, já que o próprio dia 25 foi, por si só, um primeiro passo.

E Depois do Adeus

Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz.

Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder

Tu vieste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci

E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor que aprendi
De novo vieste em flor
Te desfolhei...

E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós.

Paulo de Carvalho
Letra – José Niza, Música – José Calvário

sexta-feira, 20 de abril de 2007

PIXEIS - Barca bela

Mariana Almeida


Pescador da barca bela,
Onde vais pescar com ela
Que é tão bela,
Oh pescador?

Almeida Garrett

sexta-feira, 30 de março de 2007

GRANDE ECRÃ - Pride and Prejudice


Fiel à obra de Jane Austen, Pride and Prejudice é, sem dúvida, dos filmes mais bonitos e luminosos que tenho visto.


quinta-feira, 29 de março de 2007

PIXEIS - Angra

Mariana Almeida