domingo, 28 de outubro de 2007

COM TEXTO - É hora

Na mudança do fuso, no salto do relógio – uma hora condensada num segundo de tempo imperceptível. É esta a hora – a hora dos amantes perdidos.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

COM TEXTO - Sinal da Cruz

É sem snobismo ou coqueteria que digo que viajar nos transportes públicos é novidade para mim. Só agora, aqui no Porto, se tornaram necessários às minhas deslocações diárias.

Andar de metro ou autocarro, tal como andar a pé, pode ser encarado como um exercício de observação.

Eu gosto de me exercitar assim, dar azo a uma imaginação volúvel, inconsequente porque inocente. Mantenho-me atenta e ocupada. É uma forma de passar o tempo no “pára-arranca” do tráfego citadino.

De regresso a casa, depois de passar a tarde em compras, entrei no autocarro, sentei-me e abri os olhos à realidade quotidiana que se desenrola paralela à minha.

A Igreja da Lapa é um edifício imponente; ao passar, é quase impossível não desviar o rosto para lhe ver a face de pedra. Hoje, mais do que a fachada, observei um gesto - um sinal da cruz - naturalmente traçado ao peito da senhora sentada no banco oposto ao meu. Isto desvendou-me algo sobre aquele alguém, anónimo, pelo qual não nutro mais qualquer interesse, mas que naquele momento se me revelou, muito brevemente.

É este o exercício – observar subtilmente, sem curiosidade prolongada, sem promiscuidade, mas com perspicácia e, sobretudo, sensibilidade; é mostrar ser-se um passageiro vulgar, ainda que dotado de percepção.

Colecciono estas pequenas pérolas do quotidiano. O resultado é um sorriso e uma pequena história para contar ao jantar.

A minha colega é quem agora beneficia dos meus relatos originais. Ela diz que não lhe acontecem destas coisas, só a mim. Ora, parece-me que é tudo uma questão de disposição para observar (sem qualquer gozo maldoso ou riso mesquinho); é deslocar a atenção de onde habitualmente a centramos (em nós próprios) e focá-la algures, em redor, na paisagem rica, quer seja natural, construída ou humana.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

@ PORTO - Dali

Somando quilómetros, por ruas e avenidas, alcançámos o objectivo: o Palácio do Freixo, anfitrião de uma boa exposição de obras de Salvador Dali.


Não estão expostas obras como a tão famosa "Persistência da Memória". Mas para quê exigir esta ou aquela obra mais conhecida e divulgada? O interesse de uma exposição pode estar em descobrir outros trabalhos de determinado artista. Estes últimos não são menos Dali, menos curiosos ou dignos de admiração. Sairam-lhe do génio - idealizados pela mente, concebidos pelas mãos de Salvador, aquele que se arregala nas fotografias, excêntrico de bigode fino e preto.

O visitante dotado de sensibilidade não permanece indiferente quando face às esculturas fundidas em bronze, grandes em tamanho e presença, ou quando desfila perante séries de trabalhos dos mais variados estilos, encaixados em molduras feias de "meia coroa", (quando se querem inócuas).

Ter estado mais só, no espaço, com os quadros, afastada de pessoas levianas, atrevidas e insolentes, longe da desconsideração daqueles que dão pancadinhas nas peças para lhes provar a textura, teria sido muito do meu agrado, permitindo-me saborear mais intensamente a delícia dos pormenores, expandir o sorriso de puro gozo ao identificar "Dali" na assinatura.

Foi-me dito que a Dali teria agradado a insolência. Eu digo que não. Isto porque não podemos confundir a insolência barata e medíocre com a irreverência dos iluminados, génios criativos de arte, agitadores, revolucionários da Cultura.

Era já noite quando saímos do Palácio; com o espírito revigorado pela Arte, voltámos a casa. Eu: simplesmente feliz.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

@ PORTO: Caloira na ESAP

A partir de hoje posso dizer com convicção que estou na ESAP.
Cheguei tarde, mas cheguei e logo no dia do Baptismo dos Caloiros - umas colheradas de água fria de uma fonte pela cabeça.
Não deixa de ser interessante o procedimento dos Drs, de capas traçadas, apadrinhando os Caloiros deste ano.

Aos meus Padrinhos! - aos presentes e aos ausentes.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007