domingo, 26 de agosto de 2007

COM TEXTO - Ver as Vistas... por um fio

Em férias, quantas vezes as pessoas saem de casa, pegam no carro e vão, despreocupadamente, "dar uma volta" por aí? Muitas. E, não raras vezes descobrem lugares novos e deparam-se com situações inusitadas pelo caminho.

Pois, foi exactamente isso que nos aconteceu. Saímos dos Biscoitos ao entardecer, e o tapete alcatroado acabou por nos levar pela estrada das Doze (Ribeiras). Parámos num miradouro de construção recente.

A vista prometia ser boa, dado que seria possível avistar as ilhas da Graciosa, S. Jorge e, se o tempo o permitisse, o Pico, lá por detrás. É uma panorâmica que a um ilhéu agrada sempre. É um saber não se estar só, uma certeza de encontrar outros como nós mais além, no azul; aquele azul que nos rodeia e nos fixa o olhar, que pede para ser inspirado de um sorvo.

Imaginem a reacção de alguém que desemboca em semelhante sitio, levado pela expectativa, e, num primeiríssimo plano, se vê confrontado com um grande poste de madeira, com fios pretos e grossos passados em toda a largura do miradouro! Não há forma de lhes fugir; estão lá, mesmo ao nível dos olhos de quem lá se encontre.


Há aqui qualquer coisa que não bate certo, não há? Um grande equivoco por parte de quem construiu a estrutura, com um intuito turístico evidente. Qual é o turista que se preze que queira desfrutar da vista ou levá-la para casa em fotografia que aceite vê-la “por um fio”? É que nem com Photoshop lá vai!

Pela minha parte, gosto muito de ser turista mesmo na minha própria terra e, como tal, não posso deixar de notar a asneira que ali está feita! Certamente que a companhia da luz ou dos telefones ou outra, não plantou o dito poste depois do miradouro ter sido edificado. Francamente, acredito mais num descuido (flagrante!) do responsável pela obra, que não deixaria de ser de interesse cívico, não fosse o antes dito.

Agora digam-me: qual o valor de um miradouro turístico em semelhantes condições? Dá uma certa vontade de rir, para logo depois parar para pensar no dinheiro (por pouco que seja) que ali está investido, sem que seja possível tirar o devido partido da materialização do mesmo. Nem tão pouco se vêem esforços para remediar a situação – baixar o poste parece-me o mais evidente, uma vez que o terreno o deverá permitir, ou então, em última hipótese por os fios a contornar a estrutura, de modo a saírem-lhe da frente. De qualquer das formas, um pouco mais de cuidado, Senhores!

Acaba por ser triste, tanta falta de pragmática e sensibilidade. É um “fazer-por-fazer” que não favorece ninguém, nem os munícipes, nem os turistas, nem os Senhores que se deviam envergonhar das calinadas que dão.

2 comentários:

Carolina Almeida disse...

Estas pérolas ocorrem com mais frequência do que seria desejável.
Penso que o que acontece é uma mistura lamentável de falta de brio e inteligência.
Gastam-se recursos de forma ridícula

Paulo Noval disse...

No parágrafo é que referes o famoso Photoshop,lembro-me de uma pequena polémica que passou despercebida para a maior parte das pessoas. Nos cartazes, panfletos, posters distribuídos para as agências turísticas nacionais e estrangeiras, havia manipulação das cores por forma a dar um tom mais azul ou mais verde às cores das nossas paisagens.
Os turistas, desagradados com tal situação, queixaram-se às suas operadoreas turísticas e agora a correcção foi feita.

É verdade que a Lagoa das Sete cidades já não tem o contraste de outrora mas devemos ser, acima de tudo, honestos para com as pessoas e a realidade.