quarta-feira, 2 de maio de 2007

DIAS - Dia Mundial do livro e direitos de autor

Esta é uma publicação conjunta: eu ofereço o espaço, o meu tio-poeta o conteúdo.

O Dia Mundial do Livro e Direitos de Autor marcou o calendário no dia 23 do mês transacto. Todavia, não é tarde nem vem a despropósito mencioná-lo.


"A Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Angra do Heroísmo promove
no próximo dia 23, pelas 18 horas, na Sala de Reservados, um encontro
de escritores com o público leitor, para assinalar o Dia Mundial do
Livro e dos Direitos de Autor.
A iniciativa, moderada por Marcolino Candeias, envolvendo as
participações dos escritores Eduardo Ferraz da Rosa, José Álvaro
Afonso, Carlos Bessa, Luísa Ribeiro, Paulo Freitas, Vasco Pereira da
Costa, Álamo Oliveira e João Afonso, pretende suscitar o diálogo e a
partilha de experiências entre leitores e criadores literários,
promovendo, também, o livro e a leitura.
Ao evento, aberto ao público em geral e com a participação de
diferentes gerações de escritores, associa-se a livraria "In Folio"
para uma sessão de autógrafos que terá lugar no átrio daquela
biblioteca.

O Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor, que ocorre na próxima
segunda-feira, foi instituído pela UNESCO em 15 de Novembro de 1995,
com o objectivo de homenagear a obra de grandes escritores como
Shakespeare e Cervantes, falecidos a 23 de Abril de 1616, estando a
data associada, igualmente, a uma tradição catalã que manda que nesse
dia cada cavalheiro ofereça à sua dama uma rosa vermelha de São Jorge,
recebendo um livro em troca. "

Jornal Diário de 22-04-2007



Sei que um poema faz um poeta

Sei que um poema faz um poeta. Duvido que duas colecções me autorizem a sê-lo.

Mas, ainda assim, é-me pedido que reflicta sobre o meu “percurso de escrita”.

Começo por declarar, absolvendo-me de qualquer arrogância, que não faço ideia do que seja isso. O Google remeteu-me para ensaios literários e programas do Ministério da Educação. Não, obrigado. Por aí, quero-me amador, não profissional, informado q. b.

Apenas posso dizer que me imagino sem escrever e me imagino sem ler, mas não sem pensar como se fosse poeta nem sem livros.

Digo, pois:

Nos tempos de faculdade, fui um consumidor refugiado, insaciável, compulsivo de televisão. Talvez por isso, já há uma mão cheia de anos, escolhi não tê-la em casa, sendo certo que muito ajudado por uma incurável avaria no aparelho então disponível…

O que aqui importa é que, um belo dia, numa qualquer sessão (mas certamente sem telemóveis nem pipocas), dei por mim a olhar a pantalha como se nunca tivesse visto o filme, não aquele filme, não um filme, mas Cinema!

Sem querer ignorar que idêntico percurso me teriam proporcionado as incontornáveis teorias, concluí que essa dieta dera-me outra cor aos olhos, apurara-me e renovara-me o olhar. Abrira-me portas insuspeitadas, que, isso sim, transbordaram do ecrã para a vida vivida.

Isto para dizer que, com o que escrevo, é essa renovada limpeza — liberdade — que ambiciono aprender e — pudesse eu — transmitir.

Acredito, assim, no fulgor da palavra que ilumina a vida inteira e ganha espessura no próprio acto de ser escrita.

É mensagem porque o poema é acontecer visual da língua em que se escreve, e também a sua música secreta, água fresca de um poço sem fundo, “irmão do silêncio”, ainda que recolhido no estrépito de um turbilhão.

Mensageiro, o poema é sempre imperfeito, ponto de Arquimedes, pedra-de-toque, ao qual há que aceder como a um oráculo.

Para o meu “percurso de escrita” …seja lá o que isso for… ambiciono — utopia — à palavra-ovo, à concisão maior de um dizer límpido, mas torrencial.

José Álvaro Afonso

15/04/2006




Sem comentários: