É Domingo e chove brandamente.
Pela manhã caíram bátegas violentas, e com que prazer as ouvi matraquear nas vidraças nuas da janela.
Hoje foi o som liquefeito da chuva que me despertou de mansinho, em vez dos raios de sol infiltrados que aparecem cedo na manhã.
“Está a chover”, disse baixinho, ainda envolvida no sono. E deixei-me ficar num calor que sabia contrário à chuva matinal; talvez daí o enorme gozo de se estar deitado a ouvir a chuva cair - lá fora.
Já é de tarde e continua a chover, brandamente, a intervalos irregulares.
Da secretária, olho pela janela e vejo a Cidade envolta em véus de neblina; o céu parece próximo de tão baixo que está o tecto de nuvens agregadas num enorme endredon branco e fofo. Num quintal em frente, um estendal de roupa, inadvertidamente estendida, adeja levemente com o vento que a chuva trouxe e quer acalmar.
É em dias como este que agradeço o aconchego reconfortante do meu pequeno quarto, de onde posso ver a Cidade e a chuva que lhe molha as ruas.
- E eis que ela bate no vidro, trazendo a saudade.
Foto de João Pedro Borba
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