Fiel à obra de Jane Austen, Pride and Prejudice é, sem dúvida, dos filmes mais bonitos e luminosos que tenho visto.
sexta-feira, 30 de março de 2007
GRANDE ECRÃ - Pride and Prejudice
Fiel à obra de Jane Austen, Pride and Prejudice é, sem dúvida, dos filmes mais bonitos e luminosos que tenho visto.
quinta-feira, 29 de março de 2007
domingo, 25 de março de 2007
DIAS - Europa: Bodas de Ouro

Dar tempo ao tempo
quarta-feira, 21 de março de 2007
POÉTICA - Dia Mundial da Poesia (e afins)
Porém, já que este dia lhe está consagrado, vou tratar de a homenagear com este post.
(Aproveito e estreio a rubrica dedicada à poesia.)
SER POETA
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de ouro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
Florbela Espanca
Imagem - Florbela, de Francisco Simões (Parque dos Poetas)
sábado, 17 de março de 2007
COM TEXTO - Viver a (im)prudente aprendizagem de vencer o tempo

- Aquele que não vive agora, nunca mais vive. Que fazes tu? (1)
- Vivo! É imperativo. É uma aprendizagem árdua, perigosa, mas premente se se deseja fruir o tempo disponível, que começa sem pedirmos e termina sem querermos. Não há outro tempo que não este, o nosso, e é efémero.
Viver, acto de passar na Vida, é tudo o que dela e nela fazemos: e aí il faut être prudent, mais non pas timide (2). Prudência, não timidez! A prudência implica actividade, a timidez, hesitação. Mas há dor, a dor faz-nos temer até a própria dor! Este temor, quando atinge o terror, origina casos como o de Ricardo Reis, que teme o sofrimento acima de tudo; as suas aspirações à Felicidade cingem-se a uma existência totalmente indolor, mesmo que isso implique passar pela Vida como uma sombra espectadora, desgarrada. Ao esbarrar na Morte incontornável, na vida que “passa e não fica, nada deixa e nunca regressa”, abdica de tudo para não sofrer.
A inevitabilidade do Fado deixa-o prostrado, pois “quer gozemos quer não gozemos, passamos como um rio” e “mais vale saber passar silenciosamente / e sem desassossegos grandes”. Torna-se uma personagem ressentida, afligida pela efemeridade da vida. Assim, dado o seu paganismo, refugia-se no epicurismo almiscarado por um certo estoicismo, assim como
É necessária ousadia ou resignação total (4). Não concordam que é mais prudente, mais fácil, ser-se audaz do que inteiramente resignado? Não vos parece mais viril? Não admitem que “aprender a vencer o tempo” é sinónimo de viver, viver de facto?
Poupar o coração é permitir à morte coroar-se de alegria (5), é morrer um pouco a cada dia.
_____________
(1) – Piet-Hein
(2) – Voltaire
(3) – Epicuro
(4) – Tito-Lívio
(5) – Eugénio de Andrade
Texto de reflexão - Português
quarta-feira, 14 de março de 2007
AVULSO - Rosas
domingo, 11 de março de 2007
COM TEXTO - Festival Pimba

Passava ligeiramente das 11 da noite. Deu-me uma "fúria" e escrevi.
Acabou de ser transmitido, em directo, o Festival da Canção 2007. É de conhecimento geral que a participação de Portugal no grande Festival da Eurovisão tem deixado muito a desejar de há uns anos para cá – performances sem garra ou brio, sem Q(ualidade) necessários para brilhar na Gala internacional da música. Portugal tem sido facilmente eliminado na primeira volta, sem apelo nem agravo. Não convence.
A meu ver, o nosso portugalzinho acaba de eleger, como a sua “melhor” canção, uma autêntica pimbalhada, produzida, aliás, por um dos grandes pimbas portugueses, Emanuel. Pois bem, consta que a pupila encantou Portugal com os seus cabelos loiros, belas pernas e vestido aos folhos. Assim, “Dança Comigo” é a canção que representará Portugal no Festival
Acho mesmo que ao Portugal dos Pequeninos se veio juntar o Portugal dos Pobrezinhos (de espírito).
quarta-feira, 7 de março de 2007
BIBLIOGRAFIAS - Salto Mortal

Salto Mortal, de Marion Zimmer Bradley, é um grande livro, na total extensão semântica do termo. A sua intriga, dividida entre as décadas de 40 e 50 do século XX, não permanece inteiramente alheia à Grande Guerra. A obra é, toda ela, perpassada pelo fascínio que o trapézio exerce, por tudo o que implica voar ou cair.
A autora, conhecida pelas suas obras voltadas para a mística celta ou para a ficção científica, desta vez, narra-nos algo bem diferente: A história de uma família de trapezistas italianos da antiga “aristocracia do Circo”, agora itinerante nos Estados Unidos da América – os Santellis.
Como na quase totalidade das famílias numerosas, as relações entre os respectivos membros tornam-se controversas, levantam-se tabus, mas, neste caso particular, a tudo isto se sobrepõe o aparelho de trapézio; tudo lhe está subordinado – o clã, o estrelato, a vida, a morte, a Fortuna (boa ou má).
Das gerações de Santellis conhecidas, destaca-se a figura de Mário, o elemento mais novo, mais volúvel, mais brilhante do número Santellis Voadores. Mário consagra a vida à tarefa de provar que, para si, não existem impossíveis; submete-se a incontáveis quedas para alcançar a perfeição no triplo salto para as mãos do seu base. Este é o salto mortale, até então visto como uma impossibilidade física, recente e acidentalmente produzido por um trapezista que, depois de o ter feito, jamais voou. Para Mário, este não é apenas um exercício arrojado – o “salto fatal” é o “salto do destino”.
A adopção de Tommy Zane, um jovem rapaz do circo, constitui uma total excepção à tradição familiar. É Mário quem traz à luz o que de melhor Tommy tem dentro de si, tempera-o através de um trabalho exaustivo e da observância contínua do código estabelecido: Aconteça o que acontecer, haja o que houver, “os Santellis estão sempre prontos”, sem que nada de pessoal seja levado para a plataforma do aparelho.
Ambos os protagonistas, cientes de não poderem dar as quedas um do outro, envolvem-se numa luta conjunta pelo aperfeiçoamento da arte do trapézio clássico, numa história de amor entre um rapaz e um homem, numa contenda contra as pressões e adversidades, numa aprendizagem de como lidar consigo e com os outros. Juntos brilham na pista central do maior espectáculo. Separadas condenam-se à mediocridade e ao anonimato.
No discorrer da narrativa, com o desenvolvimento das personagens e das suas relações, dá-se a descoberta e a aceitação da homossexualidade que se vê exposta num ângulo inusitado – “vista por dentro”.
A maturação, a construção do percurso dos dois indivíduos, cujo amor os alia num laço que se recusa a ser desmanchado quer pelo espaço quer pelo tempo, comporta em si uma dimensão tão peculiar quanto reveladora à qual o leitor não pode permanecer indiferente.
sexta-feira, 2 de março de 2007
COM TEXTO - O Carnaval continua com as crianças
A verdade é que os mais novos guardam o futuro nas mãos. Assim, também o Carnaval continua com as crianças.
Já entrámos na Quaresma; festejos de Entrudo só para o ano que, depois deste, virá.
É certo e sabido que os terceirenses vivem intensamente o Carnaval, com as suas tradições tão vivas quanto peculiares. Ainda se agendam novas actuações dos Bailinhos pelas freguesias (um bis para quem não conseguiu ver tudo), ainda se comentam os enredos mais engraçados, ainda se pensa no Carnaval que passou! É igualmente verdade tudo isto. Todavia o mote deste texto é um simples episódio que me encheu de graça.
Na hora de almoço, passei junto à escola primária da Conceição, onde, pelas minhas contas, os meninos e meninas já deviam estar todos nas suas salas a debitar esmeradamente o alfabeto e a tabuada. Porém, um grupo de cerca de dez crianças permanecia no pátio compenetradíssimo na sua brincadeira, muito realista, para que conste!
Então os catraios estavam em plena actuação de um Bailinho de Carnaval, cujos puxadores até pandeiro tinham! Formavam duas alas, marchavam, um menino fazia a marcação com o instrumento, uma menina cantava a saudação para quem ali passasse, oferecendo um gesto largo de cumprimento. E parece-me que continuariam no “palco” do recreio não fosse ter começado a chover e o trabalho chamar.
Agora digam-me: como pode uma tradição destas definhar e morrer, se crianças aprendem, desde tão cedo, a apreciar o que também é deles?